segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Rock pesado? Progressivo? Não importa. Rush é rock do bom

Anos 80. Uma fita cassete rodava entre os colegas que adoravam o rock. Naquela época já ouvíamos muita coisa: Beatles, Pink Floyd, The Who. Muita coisa por influências dos nossos pais. Mas aquele som era diferente, parecia uma orquestra. E eram apenas três homens, Geddy Lee no baixo, teclados e vocais, Alex Lifeson nas guitarras e Neil Peart na bateria e percussão. O Rush tinha lançado o segundo álbum ao vivo, “Exit...Stage Left” . E eu ouvia aquilo tentando entender como três pessoas poderiam fazer um som daquele.

A fase era considerada por críticos no mundo inteiro como mais produtiva e tecnicamente perfeita do trio canadense. Afinal, eles tinham acabado de gravar a dobradinha mais power-rock da carreira, com os álbuns “Permanent Waves” (1980) e “Moving Pictures” (1981). E olhe que os caras já tinham vindo de outros seis grandes álbuns de estúdio. “Rush” (1974), “Fly By Night” (1975), “Caress of Stell” (1975), a
obra futurista “2112” (1976), “A Farewell to Kings” (1977) e “Hemispheres” (1978).

Todos os álbuns até o “Exit...” já eram vistos como uma aula de virtuosismo, mas com a chegada desse segundo trabalho ao vivo (o primeiro foi o “All the world’s a stage”, com um Geddy Lee com voz super estridente, à la Robert Plant) a banda carimbou de vez o fama mundial. Clássicos como “Tom Sawyer”, que no Brasil ficou conhecida como a música do Mac Gyver, “Spirit of Radio” e a instrumental “YYZ” foram para o topo.

Tudo isso com três músicos de ponta, como mostra o DVD do show, lançado oficialmente. Poder ver Geddy tocando baixo, cantando e ainda fazendo arranjos de teclados com os pés é surreal. Tanto quanto ver Mr Peart detonando um monstro de bateria. Um verdadeiro polvo de velozes tentáculos. Ou Lifeson se deliciando e nos fazendo babar com solos e arranjos sensacionais em guitarras de 6 ou doze cordas. Ou as duas quase ao mesmo tempo.

Os anos passaram e a banda provou que quanto mais apurado, melhor. Ao todo foram 19 álbuns de estúdio e outros 6 ao vivo, além das coletâneas. Houve um hiato de cinco anos, quando Neil Peart perdeu, em menos de um ano, a filha e a mulher. Depois de rodar o mundo inteiro de moto, resolveu voltar, para a alegria dos fãs. Um disco com a força e a porrada técnicas como antes. Veio então o Vapor Trails, trazendo inclusive a banda para o Brasil, em 2002, com shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Apresentações que se transformaram no DVD e CD “Rush in Rio”. Além de o maior público da história da banda, com 62 mil pessoas lotando o Morumbi.

Nunca poderia imaginar que, daquela fitinha dos anos 80 até as duas apresentações que pude ver em 2002, os caras poderiam estar firmes e fortes. E estão. Depois de lançar, em 2007, “Snakes and Arrows”, a notícia mais recente é de que devem começar a gravar o novo disco no próximo mês, o 20º da carreira. Talvez muitos trabalhos. Mas, pelos fãs, bem que eles poderiam ter fôlegos para mais 20 obras.



Fonte: Está matéria foi divulgada no Jornal Hoje ( da Rede Globo), baseada no material da série Seven Ages Of Rock, uma produção da BBC.

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